Por: Alex Murad
Ontem à noite eu assistia a um programa televisivo de humor, e tomei conhecimento do movimento que os humoristas estão fazendo contra a censura do humor nas eleições.
A situação está tão intolerável que a classe dos humoristas, conhecida pela desunião, dessa vez se aliou e está marchando coesa contra essa ameaça real.
Eu fico abismado com esse tipo de coisa. Por mais que alguns tentem esconder e confundir a cabeça das pessoas, se trata sim de um caso explícito de censura. Até bilhetinhos estão sendo enviados para a produção dos programas de televisão para “conter” o “ímpeto” dos humoristas.
Estamos em pleno século XXI, no agasalho de um Estado Democrático de Direito, num país que já viveu a ditadura em décadas passadas, e sabe de todos os seus malefícios, que a derrotou com sangue, suor e lágrimas; e agora estamos perplexos com uma sutil tentativa de volta ao regime que ceifou a voz e a vida de muitos que lutavam por liberdade.
É um absurdo que ainda hoje tenhamos preocupação com a nossa liberdade. Nos dias de hoje, conviver com o risco de instauração de uma ditadura novamente é o fim da picada!
O Brasil não pode regredir. Ao longo dos últimos anos, o nosso país vem crescendo e prosperando bastante, e uma das nossas maiores conquistas é a tutela dos direitos fundamentais. Ser um país livre, onde vige a liberdade de expressão, é algo de que devemos nos orgulhar, e não pode haver retrocesso.
Não dá para voltarmos a viver aqueles anos de escuridão. De fato, fico muito preocupado com esse tipo de censura. A instalação do regime ditatorial não se dá de uma hora para outra, num momento abrupto. Ela é lenta, compassada e silenciosa. Por isso que não podemos ficar calados e passivos. A ditadura vai sendo implantada assim: surge uma censura, e todos ficam calados. Depois há uma nova medida de restrição, e poucos reagem, mas sem nenhum protesto contundente. Após esse momento, mais uma medida, desta vez mais drástica, e por aí vai.
Quando menos esperarmos já há soldados nas ruas, toque de recolher, recolhimento de publicações jornalísticas e busca e apreensões de rotina nas casas e estabelecimentos comerciais, e uma série de tantas outras barbaridades.
Os poucos que defendem esse tipo de censura argumentam que os programas de humor ridicularizam os políticos, que os expõe a situações embaraçosas, maculando a sua imagem e reputação.
Ora, mas que injustiça! Quem ridiculariza e achincalha os políticos são os próprios políticos. Não tem nada a ver com os humoristas, que apenas revelam nas telas aquilo que de fato ocorre diariamente com a classe política do nosso país.
O problema não está na veiculação das situações pitorescas e bizarras de muitos políticos, mas sim na falta de decência e probidade dos “representantes” do povo.
Se a classe política do Brasil fosse séria, não haveria motivo algum para se fazer piada sobre algum administrador ou parlamentar. Simplesmente não haveria do que debochar e satirizar.
A imprensa apenas reflete aquilo que ocorre na sociedade. Se os políticos não se dão o respeito, e nem sequer se levam a sério, como passar uma outra imagem para a sociedade através da televisão?
Fica aqui o meu repúdio contra a censura do humor nas eleições. O Brasil não pode parar, e tampouco andar para trás. Ditadura nunca mais.
*Advogado/E-mail: alexmurad@uol.com.br
Artigo publicado no Jornal O Estado do dia 25 de agosto de 2010.
Ontem à noite eu assistia a um programa televisivo de humor, e tomei conhecimento do movimento que os humoristas estão fazendo contra a censura do humor nas eleições.
A situação está tão intolerável que a classe dos humoristas, conhecida pela desunião, dessa vez se aliou e está marchando coesa contra essa ameaça real.
Eu fico abismado com esse tipo de coisa. Por mais que alguns tentem esconder e confundir a cabeça das pessoas, se trata sim de um caso explícito de censura. Até bilhetinhos estão sendo enviados para a produção dos programas de televisão para “conter” o “ímpeto” dos humoristas.
Estamos em pleno século XXI, no agasalho de um Estado Democrático de Direito, num país que já viveu a ditadura em décadas passadas, e sabe de todos os seus malefícios, que a derrotou com sangue, suor e lágrimas; e agora estamos perplexos com uma sutil tentativa de volta ao regime que ceifou a voz e a vida de muitos que lutavam por liberdade.
É um absurdo que ainda hoje tenhamos preocupação com a nossa liberdade. Nos dias de hoje, conviver com o risco de instauração de uma ditadura novamente é o fim da picada!
O Brasil não pode regredir. Ao longo dos últimos anos, o nosso país vem crescendo e prosperando bastante, e uma das nossas maiores conquistas é a tutela dos direitos fundamentais. Ser um país livre, onde vige a liberdade de expressão, é algo de que devemos nos orgulhar, e não pode haver retrocesso.
Não dá para voltarmos a viver aqueles anos de escuridão. De fato, fico muito preocupado com esse tipo de censura. A instalação do regime ditatorial não se dá de uma hora para outra, num momento abrupto. Ela é lenta, compassada e silenciosa. Por isso que não podemos ficar calados e passivos. A ditadura vai sendo implantada assim: surge uma censura, e todos ficam calados. Depois há uma nova medida de restrição, e poucos reagem, mas sem nenhum protesto contundente. Após esse momento, mais uma medida, desta vez mais drástica, e por aí vai.
Quando menos esperarmos já há soldados nas ruas, toque de recolher, recolhimento de publicações jornalísticas e busca e apreensões de rotina nas casas e estabelecimentos comerciais, e uma série de tantas outras barbaridades.
Os poucos que defendem esse tipo de censura argumentam que os programas de humor ridicularizam os políticos, que os expõe a situações embaraçosas, maculando a sua imagem e reputação.
Ora, mas que injustiça! Quem ridiculariza e achincalha os políticos são os próprios políticos. Não tem nada a ver com os humoristas, que apenas revelam nas telas aquilo que de fato ocorre diariamente com a classe política do nosso país.
O problema não está na veiculação das situações pitorescas e bizarras de muitos políticos, mas sim na falta de decência e probidade dos “representantes” do povo.
Se a classe política do Brasil fosse séria, não haveria motivo algum para se fazer piada sobre algum administrador ou parlamentar. Simplesmente não haveria do que debochar e satirizar.
A imprensa apenas reflete aquilo que ocorre na sociedade. Se os políticos não se dão o respeito, e nem sequer se levam a sério, como passar uma outra imagem para a sociedade através da televisão?
Fica aqui o meu repúdio contra a censura do humor nas eleições. O Brasil não pode parar, e tampouco andar para trás. Ditadura nunca mais.
*Advogado/E-mail: alexmurad@uol.com.br
Artigo publicado no Jornal O Estado do dia 25 de agosto de 2010.
0 comentários:
Postar um comentário
GOSTOU DO TEXTO? AJUDE A DIVULGAR!
Se você divulga o conteúdo ajudando o blog, mais pessoas vão ler e comentar, incentivando um maior cuidado e atualização constante por parte da administração. Participe!
"Os comentários não refletem a opinião deste blog, a responsabilidade é única e exclusiva dos autores de tais mensagens. As matérias e artigos aqui publicados são de responsabilidade de seus respectivos autores, editores ou colaboradores! O comentário que contiver mensagens que viole o regulamento não será publicado!"
NÃO PUBLICAMOS COMENTÁRIOS ANÔNIMOS e principalmente quando são ofensivos!