Dilma não aparece em comício e Lula capitaliza lado maternal da ex-ministra

Daniela Almeida Publicação: 05/09/2010 10:27 São Paulo — Com altos índices de intenção de votos nas pesquisas e tendo a seu lado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no papel de cabo eleitoral, a candidata petista Dilma Rousseff pode se dar ao luxo de faltar em seu próprio comício. Sob o argumento de acompanhar os últimos exames da filha, Paula, para o nascimento do neto da ex-ministra em Porto Alegre, Dilma não compareceu ao evento em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, e deixou para Lula e o candidato ao governo Aloizio Mercadante a tarefa de pedir votos em seu nome. A ausência de Dilma, no entanto, foi capitalizada. Lula, Mercadante e os candidatos ao Senado, Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula (PCdoB), em cada discurso, trataram de reforçar o papel de Dilma como mãe e avó, mote que tem sido amplamente explorado na campanha e que teria ajudado a conquistar o voto feminino. "A nossa companheira Dilma não pôde estar aqui porque foi levar a filha pra fazer o exame e saber se a criança está preparada para nascer. Acho importante essa dedicação que a Dilma está demonstrando com a filha", reforçou Lula, que apareceu no palanque com uma tipoia no braço em função de uma tendinite. O presidente aproveitou o evento para subir o tom na crítica ao adversário do PT na corrida às urnas, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). Lula disse que a campanha do PSDB na televisão anda raivosa e afirmou que o programa está "pesado", "baixando o nível" e "rasteiro". "É próprio de quem não sabe nadar cair na água e ficar se batendo até morrer afogado. É o que está acontecendo com o nosso adversário", discursou. A quebra do sigilo fiscal de integrantes do PSDB e de pessoas ligadas ao partido também foi tema no comício. O presidente minimizou o fato que tem sido objeto de representações dos tucanos contra os petistas. "Cadê esse tal de sigilo que não apareceu até agora? Cadê o vazamento das informações?", questionou. Em seu discurso na cidade de Guarulhos, governada pelo PT há 10 anos, o presidente ainda pediu votos para Mercadante e conclamou a população a ajudar na virada do candidato petista nas pesquisas. Mercadante concorre com Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo paulista e tem crescido nos levantamentos de intenção de votos — no último Datafolha, registrou 24% contra 50% do tucano. "Aí sim o nosso adversário vai ficar muito nervoso. Se ele tomar uma surra aqui na cidade de Guarulhos e no estado de São Paulo", disse Lula. Sigilo O diretório estadual petista confirmou ontem, por meio de uma nota oficial, a existência de um pedido de filiação do contador Antonio Carlos Atella Ferreira feito na cidade de Mauá. O comunicado, assinado pelo presidente do PT-SP, Edinho Silva, explica que o pedido ficou travado por quase seis anos por conta de um erro de grafia. Segundo a nota, Atella não procurou o diretório de Mauá para esclarecer o episódio e, por isso, a Justiça Eleitoral deixou de efetivar o registro de filiação. O PT enfatizou, ainda, que não considera o contador um filiado porque ele nunca participou de qualquer evento. Atella é suspeito de falsificar uma procuração para ter acesso a informações fiscais da filha de José Serra, Verônica. Momentos depois da divulgação da nota, a coordenação da campanha tucana convocou uma coletiva de imprensa para divulgar que o partido entrará com nova representação pedindo a investigação sobre as quebras de sigilo. De acordo com os senadores Roberto Freire (PPS-SP) e Álvaro Dias, a ação é motivada por novas provas divulgadas na imprensa. Ontem, o site do jornal Estado de S. Paulo divulgou que o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, teve o sigilo violado dez vezes num só dia por um analista tributário de Minas. "Isso é escárnio. É próprio de republiqueta", alfinetou Freire. Serra, por sua vez, fez campanha em Itajaí (SC) e negou que vá subir o tom crítico contra a adversária nos programas da TV. Datafolha indica liderança petista Divulgada ontem, a mais recente pesquisa de intenção de votos do Datafolha para a corrida presidencial consolida a tendência indicada pela sondagem do Ibope, na sexta-feira. Segundo os números do Datafolha, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, continua com chances de resolver a eleição no primeiro turno. Ela aparece com 50% das intenções de voto, contra 28% de José Serra (PSDB), segundo colocado, e 10% de Marina Silva, do PV, terceira. Os demais candidatos não atingiram 1% das intenções de voto. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 27903/2010. O estudo do Ibope apresentou percentuais similares. Nele, Dilma aparecia com 51% e Serra, com 27%. Informações: Correio Brasiliense