À César o que é dele; a Deus o que lhe é devido..

Por: Sebastião Cavalcante

Houve um tempo em que falar de política na visão evangélica era falar em algo mundano, ou seja, associado ao pecado, uma visão com um pólo o de que “crente não se mete em política”. Já com a divulgação da teologia da prosperidade principalmente nas igrejas neo-pentecostais (Health and Wealth Gospel), o discurso ganhou um tom de dominação e poder, ai então, o centro da mensagem passou a ser: Nascemos para ser cabeça e não cauda”. Politicamente isso significa, a idéia de conseguir maior representatividade para conseguir concessões públicas de TV e Rádio almejando a criação de verdadeiros impérios midiáticos, ocupação de espaços públicos como Marchas para Jesus, além de posicionamento de bandeiras morais(contra o aborto e homossexualismo).

Desta forma passou-se a perceber que existem novos atores no campo político e estes são os evangélicos, que apesar de sua fragmentação institucional, existe um sentimento de “ser evangélico” que está sendo disputado pelos políticos.

Houve quase vinte milhões de votos na disputa presidencial de Anthony Garotinho, entretanto, houve escândalos como o envolvimento de vários deputados evangélicos no mensalão no ano de 2005.

Estamos em ano de eleição, muito se evoluiu e a visão mundana passou a ceder espaço à vontade de participar na mudança de um país, porém, alguns erros estão sendo escancarados em nossa frente e por isso gostaria de colocá-los, para que houvesse um debate:

1º- A mistura entre o púlpito e o palanque, existem pessoas que usam do título de pastores e bispos, buscando evidenciar seus nomes ou mesmo o nome de alguém dizendo que são homens de Deus, portanto, são dignos de serem votados pelos evangélicos. Existe aqui a meu ver um erro grave, pois, usar o púlpito como palanque, para coagir o povo a votar em um candidato evangélico, é o mesmo que usar o nome de Deus para obter vantagens eleitorais ou mesmo usar a boa fé das pessoas em benefício próprio, entre outras palavras é melhor que tais pessoas decidam se são pastores, políticos ou mesmo cabos eleitorais.

2º- Poucos são os candidatos evangélicos em nosso meio que tem uma história na comunidade, nos bairros, sindicatos empresas, ONG’S, etc, eles entram como moeda de troca para aumentar o poder da influência das denominações evangélicas, ou seja, existe uma valorização exagerada do carisma ao invés da vocação para a política e do caráter, raras também são as vezes que esclarecimentos sobre política acontecem através de seminários, oficinas ou mesmo reuniões nas igrejas, geralmente acontecem com uma simples apresentação e um belo discurso, desta forma, enfiam goela abaixo sua intenção de voto.

3º- O mundo moderno libertou o estado do domínio da religião; somente em países onde beira o fanatismo religioso é que isso ainda é visto sob o jugo do medo, entre outras palavras; com a democracia, criamos mecanismo que nos assegura a liberdade individual e coletiva. As pessoas crentes ou não, tem todo direito de se manifestar e de se expressar, mas não de governar em nome de um credo, além do mais, existem limites que brotam da ética das religiões a da igreja: A dignidade humana. Ela não é uma conquista. È inerente à vida. No caso do cristianismo um bem inegociável.

Existem em nosso meio local, muitos evangélicos que contribuem de forma direta, para o desenvolvimento da Sociedade Luminense, no entanto, por falta de apoio ou de discernimento religioso, por não terem vocação p/ a política, além de outros motivos pessoais e profissionais infelizmente, ficam de fora do quadro da disputa em nossa cidade, dentre eles, alguns fazemos questão de elencar; Promotora como a Drª Nadja Veloso e outros de atuação corajosa, Pastores com Trabalhos Sociais como o Pr. Adelman da 11, Pr. Erasmo da 12, Pr. Francisco Sales, o Técnico servidor da Procuradoria Geral da Justiça e Blogueiro Chagas Freitas, o Adielson Araújo, o advogado Wellignton Sousa, o empresário Baiano, dentre outros.

O verdadeiro evangélico sabe como Jesus agiu no templo do Senhor diante dos que o usavam indevidamente, sabe também, o que Jesus representou para os menos favorecidos, perseguidos, marginalizados e esquecidos, suas atitudes educaram, ensinaram as pessoas e combateram as ações mundanas, enfim, revolucionaram os dias de sua época e continuam revolucionando os dias de hoje.

Gostaria que tal matéria não fosse entendida como crítica a um segmento, mas como um alerta, em que forças maiores dominam os menos esclarecidos em busca de poder, ou seja, são as bases que alicerçam o ápice na figura geométrica que representa a sociedade. E em nosso meio infelizmente, existem alguns que tentam manipular intenções de votos através do “nome de Jesus”.