OBRIGATÓRIO? POR QUÊ?

Segue texto enviado por um leitor.
Lamento ter chegado à conclusão de que o cidadão esteja escolhendo os seus candidatos muito mais com o fígado do que com a cabeça. Significa dizer que, na definição do voto, as emoções estão sendo muito mais decisivas que a razão.
Infelizmente sou compelido a comparecer à seção de votação sob pena – no caso de ausência – de incorrer nas sanções previstas em lei. A mesma lei da falácia que assegura a “democracia” e, logo adiante, se contradiz negando ao cidadão o direito de ir e vir.
Qualquer argumento usado para justificar uma atitude que não condiz com o seu pensamento incorre em contradição. Seria o mesmo que abdicar de seus conceitos em detrimento da ética. Em outras palavras, votar em um candidato – mesmo que ele não preencha os requisitos que o credencie ao cargo – com o objetivo de juntar votos para derrotar aquele que não correspondeu, reforça ainda mais a incoerência.
Um dos grandes problemas do Brasil é que nos assombra um espírito ligeiramente fascista, que inspira as pessoas a verem-se, não como cidadãos de uma república, mas como representantes de um determinado segmento social que seria detentor de certos direitos naturais.
Tornamo-nos o país das corporações, onde cada grupo seja ele profissional, racial ou simplesmente unido por interesses comuns, procura encastelar-se numa capitania hereditária e, valendo-se da autoridade do poder público, impor seus interesses de classe ao restante da sociedade.
Minha hipótese para a inércia na qual caímos, em que escândalos se sucedem sem que nada aconteça, passa pelo que os epidemiologistas chamam de saturação dos suscetíveis.
A classe média urbana politizada, um segmento que já não é tão grande assim, representaria o universo dos suscetíveis, isto é das pessoas que ligam para a política, ficam indignados com as tramóias dos governantes e, em condições normais, exigem providências cada vez que um mandatário é apanhado com a boca na botija. Ocorre que a repetição de toda sorte de esquemas de corrupção e compadrio sem que nada de mais palpável acontecesse levou à saturação dessa força de mudança social e isto, infelizmente acontece, mesmo com a revolta e a resposta nas urnas; a busca da sucessão da Presidência da Câmara, tende em expor mais um capítulo dessa novela que, segundo o “Nonato”: “caso não vença o prefeito ficará sujeito a um sistema viciado, chantagista e corrupto”.
Se o cinismo se impregnar definitivamente na vida pública, estaremos rifando as nossas chances de erigir uma “SOCIEDADE DEMOCRÁTICA COM PADRÕES DE DECÊNCIA POLÍTICA”. Já não sonho com isso para mim ou meus filhos, mas quem sabe para os netos que ainda não tenho e, SÓ POR ELES AINDA VOTO.

Sebastião